Um equívoco muito comum entre os cristãos é o de achar que um santo já nasceu santo. Por exemplo, acreditam que Santa Teresinha já nasceu santinha, São Francisco de Assis sempre foi um homem de virtudes singulares, etc. Na verdade, a santidade se conquista, ela não é inata. Naturalmente, Maria Santíssima foi um caso à parte, já que foi concebida sem pecado original e plena de graça desde o seu nascimento. Quanto a Cristo, nem é preciso mencionar, pois, apesar de ter duas naturezas (divina e a humana), sua pessoa é divina (Deus Filho). Por sinal, santo em termos técnicos é aquele que se encontra em estado de graça. Recebemos a graça santificante no batismo, também chamada graça habitual. Sem ela, é impossível alguém alcançar a santidade em sentido superexcelente, que é justamente a santidade daqueles que alcançaram em grau heroico as virtudes teologais (fé, esperança e caridade) e as cardeais (justiça, prudência, fortaleza e temperança).
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. «O fim de uma vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus» (S. Gregório de Nissa). Há virtudes humanas e virtudes teologais. […] As virtudes humanas são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade, que regulam os nossos atos, ordenam as nossas paixões e guiam a nossa conduta segundo a razão e a fé. Adquiridas e reforçadas por atos moralmente bons e repetidos, são purificadas e elevadas pela graça divina.” As principais virtudes humanas são as cardeais. O compêndio também nos fala das virtudes teologias, que “são as virtudes que têm como origem, motivo e objeto imediato o próprio Deus. São infundidas no homem com a graça santificante, tornam-nos capazes de viver em relação com a Trindade e fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas. Elas são o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano.” (Fonte: https://www.vatican.va/archive/compendium_ccc/documents/archive_2005_compendium-ccc_po.html).
Habitados pela graça, santos e santas canonizados receberam esse título pelo fato de terem chegado ao pódio das grandes virtudes. A graça neles cresceu sobremaneira durante suas vidas, ou, então, alcançaram a palma do martírio, como é o caso de tantos que morreram por não renegarem a sua fé. No Céu há 3 grandes coroas de glória, uma é reservada às virgens, outra aos mártires e a terceira aos doutores, aqueles que deram testemunho da fé ensinando e pregando a doutrina cristã.
Na história da Igreja temos um número incontável de santos e santas que receberam a coroa da virgindade, como Santa Teresa de Ávila, Santa Teresinha do Menino Jesus e São Luís Gonzaga. O mesmo quanto ao número daqueles que receberam a auréola do martírio, como São Vito (da Sicília), São Lourenço (de Huesca), Santa Ágata (de Catânia) e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein). Santo Agostinho, São Tomás de Aquino e Santa Catarina de Siena são belos exemplos de doutores. Alguém que morra virgem, mártir e tenha pregado a doutrina cristã, proclamado o evangelho de Cristo, é digno de receber essas três coroas, como é o caso de São João Evangelista e Santa Catarina de Alexandria.
Marcos A. Fiorito
Teólogo e historiador
(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)
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