“Jesus não veio ao mundo para nos dar alguma coisa, mas para doar sua própria vida como alimento para aqueles que n’Ele creem”. Essa afirmação tão cheia de sentido eucarístico foi feita por Sua Santidade, o Papa Francisco, após a oração do Ângelus, no dia 23 de junho de 2014.
Evidentemente ele está se referindo à Sagrada Eucaristia, instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo na última Ceia. Nossa intenção aqui não é polemizar ou tecer críticas, é oportuno constatar que muitos cristãos, incluindo católicos, desconhecem a diferença intrínseca que há entre a Missa (o culto católico) e um culto protestante.
Tal diferença não se dá por conta das leituras, pois em ambos as Escrituras estão presentes. Também não se dá em razão da homilia, pois tanto o padre quanto o pastor reservam um momento de pregação. E quanto ao sacrifício eucarístico?
De fato, a Missa é uma renovação incruenta do sacrifício do Calvário. Diz-se incruenta porque renova-se o sacrifício redentor de Cristo sem derramamento de sangue. Para que haja verdadeiro sacrifício, é preciso que haja a consagração das espécies de pão e vinho. Quando o sacerdote pronuncia as palavras: “isto é o meu Corpo”, “isto é o meu Sangue”, não está referindo-se a si mesmo, mas está emprestando a voz a Nosso Senhor, pois trata-se do Corpo e Sangue de Cristo.
Dirá alguém: “Mas em alguns cultos evangélicos também há o rito da distribuição do pão.”. Sim, é bem verdade, porém o pão é um símbolo apenas, uma recordação da Ceia do Senhor. Para o católico, o pão e o vinho não são meras representações, mas verdadeiramente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo.
Quando o sacerdote reza a Consagração, dá-se a transubstanciação das espécies. Embora elas continuem com aparência de pão e vinho, há realíssima presença de Nosso Senhor Jesus Cristo.
E aí temos duas substanciais diferenças entre o culto protestante e a Missa: em ambos podemos dizer que há presença de Cristo, porque o Mesmo prometeu: “Quando dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei entre eles” (Mt 18, 20).
Entretanto, a doutrina da Igreja ensina que, na Missa católica, além da presença de Cristo em razão da assembleia estar reunida em Seu nome, temos a presença real eucarística, obedecendo ao mandato d’Ele, que pediu: “Fazei isso em memória de Mim” (I Cor 11, 23-24).
E a você, meu irmão em Cristo, o que lhe parece? Para alguns, paira a dúvida a respeito da presença real de Cristo na Eucaristia. Muitos interpretam que se trata apenas de uma presença simbólica. Mas o Evangelho não deixa dúvidas, ele é bem categórico. Julgue o leitor por si mesmo:
“Eu sou o pão da vida. Vossos pais, no deserto, comeram o maná e morreram. Este é o pão que desceu do Céu, para que não morra todo aquele que dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo.
A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?
Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. Este é o pão que desceu do Céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente” (Jo 6, 48-58).
Marcos A. Fiorito
Teólogo e historiador
(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)
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