“Por que precisamos de padres?” Indagou um leitor revoltado, ao ler num site católico uma notícia sobre o Papa Francisco, cujo conteúdo transcrevia um sermão dele sobre a criação do homem e das demais criaturas. Verdade! Por que um rebanho precisa de pastor? As ovelhas nunca se dispersam e ainda cuidam de afastar os lobos. Por que um enfermo precisa de médico? Ele pode se automedicar, autotratar e até se operar. Por que alguém precisa de engenheiro? Ele próprio pode construir a sua casa, sem medo de que ela venha abaixo. Para que um advogado? Todos sabemos muito bem nos defender perante a justiça.
Portanto, para que um padre? A Bíblia é um livro de fácil compreensão, todos podem interpretá-la; ninguém precisa dos Sacramentos e nem mesmo uma palavra de conforto espiritual…
Sem dúvida alguma, muita gente ignora a razão pela qual necessitamos de um sacerdote. Ignora até mesmo que foi o próprio Cristo quem instituiu o Sacramento da Ordem, que confere ao leigo “o poder de exercitar os ministérios sagrados que se referem ao culto de Deus e à salvação das almas, e que imprime na alma de quem o recebe o caráter de ministro de Deus” (Catecismo de São Pio X, Cap. VIII, questão 811).
“Jesus Cristo instituiu a Ordem Sacerdotal na Última Ceia, quando conferiu aos Apóstolos e aos seus sucessores o poder de consagrar a Santíssima Eucaristia. E no dia da Sua ressurreição conferiu aos mesmos o poder de perdoar e de reter os pecados, constituindo-os assim os primeiros sacerdotes da Nova Lei em toda a plenitude do seu poder” (Catecismo de São Pio X, Cap. VIII, questão 814).
A Igreja nos ensina que é grande a dignidade de um padre, pois Jesus Cristo conferiu a ele um duplo poder: sobre o seu próprio Corpo, na Sagrada Eucaristia, e sobre o seu Corpo Místico, constituído de todos os batizados, e que é a própria Igreja. Esses pastores têm a divina missão de conduzir todos os homens à vida eterna.
Sem eles, os fiéis estariam privados da celebração da Santa Missa e da maioria dos Sacramentos. “Não teriam quem os instruísse na fé, e ficariam como ovelhas sem pastor à mercê dos lobos; em suma, não existiria a Igreja como Cristo a instituiu” (Catecismo de São Pio X, Cap. VIII, questão 817).
Por esse motivo, o sacerdócio não se destina a qualquer fiel. É preciso ser eleito por Deus, no sentido de que é uma nobre vocação. O sacerdote não deve e não pode viver para si, mas somente para Deus. Inclusive, tal verdade está na origem da palavra clero, que significa “dote”, “quinhão”, “parte da herança”, pois os ministros sagrados são propriedade, herança exclusiva de Deus; uma das razões pelas quais eles não constituem família.
Referindo-se aos sacerdotes, em sua Primeira Epístola aos Coríntios, São Paulo diz: “Que os homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Ora, o que se exige dos administradores é que sejam fiéis” (1Cor 4, 1-2). Isso significa que a responsabilidade de um padre é imensa. A tal ponto, que São Tomás afirma que o sacerdote é verdadeiro mediador entre Deus e os homens. São Jerônimo, no mesmo sentido, afirma que os que querem ser ministros sagrados do povo tenham bem claro que no dia do Juízo hão de prestar contas a Deus de si mesmos e também de todo o rebanho que esteve sujeito à sua conduta.
Ao rezarmos o Santo Terço, não nos esqueçamos dos nossos sacerdotes, cujo chamado é especialmente nobre, mas também de extrema responsabilidade.
Marcos A. Fiorito
Teólogo e historiador
(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)
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