O Ano Litúrgico é concebido pela Igreja de forma tão sábia, que proporciona ao fiel a possibilidade de viver os principais acontecimentos da era cristã, sobretudo os perpetrados por Nosso Senhor Jesus Cristo. Começa com o Advento e se encerra na 34ª Semana do Tempo Comum, após a Solenidade de Cristo Rei do Universo. Muitas pessoas podem ter a sensação de que as datas comemorativas, as grandes festas e solenidades da Igreja se repetem de forma infinda, que isso não faz muito sentido. Pelo contrário, se não fosse o Ano Litúrgico, infelizmente viveríamos de forma ainda mais mundana e pagã, sobretudo nos dias de hoje, onde tudo está tão secularizado e imerso no universo tecnológico.
O máximo feito heroico realizado por Nosso Senhor Jesus Cristo através de sua Redenção – que nos resgatou do pecado e nos salvou – precisa ser marcado e remarcado em nossas consciências, do contrário, tudo se evapora, ainda mais em nossos dias, quando a presença de Deus e a sacralidade vão dando lugar ao consumismo, à preocupação demasiada com a beleza e estética.
Ainda há outro velho inimigo da religiosidade, da conexão do homem com Deus: o dinheiro, quando usado de forma indevida. Não à toa Cristo advertiu-nos que só é possível servir a dois senhores (Mt 6, 24).
Hoje, Domingo de Páscoa, os cristãos celebram a Ressurreição de Cristo, sem a qual, como diz São Paulo, nossa fé seria vã (1 Cor 15, 14). Momento oportuno para recordarmos aqui o que diz o Magistério da Igreja sobre o Mistério Pascal:
654 Há um duplo aspecto no Mistério Pascal: por sua morte Jesus nos liberta do pecado, por sua Ressurreição Ele nos abre as portas de uma nova vida. Esta é primeiramente a justificação que nos restitui a graça de Deus, “a fim de que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova” (Rm 6, 4). Esta consiste na vitória sobre a morte do pecado e na nova participação na graça”. Ela realiza a adoção filial, pois os homens se tornam irmãos de Cristo, como o próprio Jesus chama seus discípulos após a Ressurreição: “Ide anunciar a meus irmãos” (Mt 28, 10). Irmãos não por natureza, mas por dom da graça, visto que esta filiação adotiva proporciona uma participação real na vida do Filho Único, que se revelou plenamente em sua Ressurreição. (Parágrafos Relacionados 1987,1996).
655 Finalmente, a Ressurreição de Cristo – e o próprio Cristo ressuscitado – é princípio e fonte de nossa ressurreição futura: “Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram… assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos receberão a vida” (1Cor 15, 20-22). Na expectativa desta realização, Cristo ressuscitado vive no coração de seus fiéis. Nele, os cristãos “experimentaram… as forças do mundo que há de vir” (Hb 6, 5) e sua vida é atraída por Cristo ao seio da vida divina” “a fim de que não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles” (2Cor 5, 15). (Parágrafos Relacionados 989,1002).
Fonte: Catecismo da Igreja Católica, versão portuguesa, p. 75.
Marcos A. Fiorito
Teólogo e historiador
(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)
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