Você tem amigos ateus? Você conhece gente ateia? Você já duvidou da existência de Deus? Você sabia que o ateísmo é, praticamente, uma invenção do homem contemporâneo? Na antiguidade poderia haver a crença em muitos deuses até, mas afirmar que nenhum deus existe era algo desconhecido. Na Idade Média e mesmo na Idade Moderna Deus esteve presente na mente do homem, mesmo de uma forma bastante diferente, como nas religiões do Extremo Oriente.
Na Grécia antiga, os filósofos concluíram que tudo quanto existe à nossa volta é contingente, ou seja, somos meras criaturas, dependemos de um Ser supremo. Só existimos graças a um Ser necessário – o Ser por excelência. Sendo ainda mais categórico e contrariando o politeísmo pagão, Aristóteles afirmou a existência de um único Deus.
Com a ascensão do cristianismo, Deus foi devidamente posto no centro, e a tal ponto, que dividiu a História em dois períodos: antes da vinda de Cristo / depois de Sua vinda.
Porém séculos se passaram e o ateísmo surgiu com relativa força no século XIX. Filósofos modernos passaram a defender a eternidade do universo e a desnecessidade de Deus. Nietzsche, em seu trabalho “A Gaia Ciência”, desafiou os crentes, afirmando a morte de Deus: “Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós!”.
Hoje, dois séculos depois, temos que o avanço do ateísmo virou uma espécie de moda entre muitos. Do Brasil colonial onde a religião católica era oficial e, praticamente, a única, a porcentagem dos que se afirmam católicos reduziu-se para 50%; já o número de ateus ou de pessoas sem religião cresceu consideravelmente. Há, porém, um número imensamente superior, que é dos ateus práticos; estes, embora digam acreditar em Deus, vivem como se ele não existisse.
Números confiáveis ou não, o noticiário traz até prognósticos surpreendentes. Segundo alguns órgãos de notícias, dentro de algumas décadas a maioria da população no mundo será de ateus. O que lhe parece? Será verdade?
Interessante notar que, segundo a doutrina cristã, fora uma experiência particular, mística e sobrenatural da presença divina, como teve Abraão, Moisés e inúmeros justos, há 3 formas de se provar a existência de Deus: pela razão, pelo sentimento e pela consciência.
No século 19, houve quem afirmasse que a existência de Deus não era demonstrável pela razão, como Malebranche e Bergson. Já a Igreja, no Concílio Vaticano I, definiu que: […] “Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana, mediante os seres criados. Porque desde a criação do mundo, a inteligência humana conhece as suas perfeições invisíveis por meio dos seres que Ele criou” (Rom I. 20).
Em maio de 2013, o Papa Francisco, usando de uma expressão muito feliz, afirmou que todo fiel, de alguma forma, tem dentro do coração uma “zona de incredulidade”[1]. E é a mais pura verdade: em todo crente dorme um ateu; da mesma forma que dentro de todo ateu dorme um crente.
Somerset Maughan, escritor inglês do início do século passado, abandonou a crença cristã para se tornar um entusiasta do ateísmo. Apesar de gabar-se de ter se convencido da inexistência de Deus, não se sentia confortável com a ideia de que o Inferno poderia existir: “[…] em algum profundo recesso de minha alma, ainda permaneceu o velho temor do fogo do inferno”.[2]
E esta é a grande insegurança dos descrentes: “Deus não existe, mas, se existir, significa que o Inferno também existe. Então, nesse caso, para onde iremos nós?”.
[1] @Pontifex_pt – 25 de maio de 2013.
[2] MAUGHAM, W. S. William Somerset Maugham e o ateísmo. Disponível em: <http://www.mphp.org/racionalismo/william-somerset-maugham-e-o-ateismo.html>. Acesso em 23 maio 2021.
Deixe um comentário