“Maldita seja a terra por tua causa!” (4, 17). Assustador, não é?! Essa truculenta sentença divina, proferida no início dos tempos, ecoa até os nossos dias, e não há quem possa revogá-la. O Livro do Gênesis nos narra que Adão foi criado fora do Paraíso, do limo da Terra; porém antes do aviltamento de nosso planeta (Gn 2, 7). Ainda que a Terra não fosse o Éden, pode-se imaginar quão mais bela era antes do primeiro pecado. Pois bem, após o pecado de nossos primeiros pais, o Senhor condena o gênero humano ao trabalho árduo e a uma vivência difícil sobre o mundo:

Disse também à mulher: “Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio.” E disse em seguida ao homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar” (Gn 4, 16-19)

Muitos são os efeitos do pecado original, objeto de estudo do homem há milênios. Afinal, entre os antigos judeus já se avaliava os estragos causados pela primeira e gravíssima desobediência humana.

Antes da desobediência, como dádiva da bondade divina, o homem possuía o estado de graça (clique para saber mais sobre esse dom sublime), os dons da imortalidade, integridade, inocência e domínio sobre as outras espécies. Ao pecar, perdeu o estado de graça; tornou seu corpo corruptível e mortal; sua integridade interior deu lugar às paixões revoltas, perdeu sua inocência e viu a natureza também revoltar-se contra ele.

Evidentemente a morte corporal é a que mais nos assusta. Causa-nos espanto imaginar que nos planos iniciais de Deus o homem viveria seus dias cheio de saúde, sem qualquer enfermidade, sem as marcas do envelhecimento e, no seu ápice, seria levado aos céus de corpo e alma; ascendendo assim do plano terreno à glória celeste, ao convívio com o Pai.

Mas a perda da graça é mais grave, já que se traduz na morte da alma (no sentido de condenação eterna). Como resultado funesto do pecado original, da perda do estado de graça, as portas dos Céus fecharam-se para Adão e seus descendentes. Punição felizmente revogada pela incalculável bondade de Deus, que nos deu o Seu Filho, Jesus Cristo, pelo amor que tem para com os homens. Este último, com o seu sangue preciosíssimo, lavou eficazmente não só o primeiro, como todos os demais pecados.

Vale a pena concluir este post acrescentando o que nos ensina o Catecismo da Igreja Católica nos parágrafos 1707-1708:

“Instigado pelo Maligno, desde o início da História, o homem abusou da própria liberdade. Sucumbiu à tentação e praticou o mal. Conserva o desejo do bem, mas sua natureza traz a ferida do pecado original. Tornou-se inclinado ao mal e sujeito ao erro: O homem está dividido em si mesmo. Por essa razão, toda a vida humana, individual e coletiva, apresenta-se como uma luta dramática entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas. Por sua paixão, Cristo livrou-nos de Satanás e do pecado. Ele nos mereceu a vida nova no Espírito Santo. Sua graça restaura o que o pecado deteriorou em nós”.

Veja também: Qual teria sido o pecado de Adão e Eva? e De que forma teria se dado o pecado original

Marcos A. Fiorito

Teólogo e historiador

(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)

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