O texto abaixo é, sobretudo, voltado aos religiosos e leigos de vida consagrada que buscam alcançar um alto grau de virtude e vida sobrenatural. Porém, em boa medida, pode valer para o fiel que busca servir a Nosso Senhor Jesus Cristo com maior perfeição. Lembrando que o chamado à santidade não é privilégio de alguns, mas designado a todos. À medida que os valores cristãos vão sendo obscurecidos pelo materialismo do mundo moderno, o ideal da santidade vai se tornando algo cada vez menos considerado, mas nem por isso ele deixa de ser uma realidade que tem seu início com a aquisição da graça santificante no momento em que somos batizados; graça que deve ser alimentada e aumentada através dos santos sacramentos. Mas o que vem a ser a tibieza, inimiga do nosso fervor e, portanto, da nossa santificação?
“A tibieza consiste em uma languidez, negligência, desdém e fastio no desempenho da oração e demais obras e exercícios espirituais, retardando-os ou omitindo-os com facilidade. Os sinais por onde cada um poderá discernir se caiu, ou está em perigo de cair, em tão lamentável estado, são:
1º O tíbio comumente combate a obrigação de tender à perfeição, dizendo que basta o cumprimento da lei;
2º Vive habituado aos pecados veniais sem vontade eficaz de emendar se;
3º Confessa-se por rotina, sem dor nem emenda;
4º Faz boas obras por vaidade, que é a causa de seus atos e obras de zelo;
5º Não quer receber conselhos nem correções;
6º Tende sempre a rebaixar os demais, aproveitando qualquer ocasião ou pretexto para murmurar ou criticá-los;
7º É loquaz e louvador de seus atos, não tendo por amigos senão aos que fomentam e elogiam suas obras, seus projetos e seus trabalhos;
8º Escolhe e busca sempre para si os atos e lugares de distinção e aptos para ser visto, para chamar a atenção e ser objeto de louvores, o qual é, ademais, orgulho reprovável;
9º Para as ocupações, trabalhos e ofícios humildes, penosos e obscuros, finge desculpas, como falta de saúde, de tempo, etc.;
10º Sendo inobservante, se tem por muito edificante, e é frequente acusador dos demais;
11º É amigo de distinções, comodidades, dispensas, de que o tenham em alto conceito e de que em tudo se cumpra sua vontade. É muito propenso à ira e ao amor sensual, buscando sempre ocasiões de fomentar esta paixão, que repetidamente encobre com pretexto de zelo ou espiritualidade;
12º Finalmente desempenha as obrigações com precipitação, inobservância e distração.”
Fonte: XIFRÉ, José. Espíritu de la Congregación de Misioneros Hijos del Inmaculado Corazón de María. Imp. de la S.E. de S. Francisco de Sales, Madrid, 1892 (Extratos).
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