O Papa Emérito, Bento XVI, em sua exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, salienta que “o cristianismo não é a religião do livro”. A Igreja nasceu da Palavra de Deus, não da Bíblia. Pode parecer contraditório, mas se trata de uma verdade histórica. A Igreja Católica desde sempre entendeu que a Palavra de Deus não é um livro, mas sim uma Pessoa: Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Sagrada Escritura apenas contém essa Palavra, mas não é a Palavra em si. Com isso, logicamente a Bíblia é posterior à Igreja e dela depende sua autenticidade, como nos afirma o grande doutor Santo Agostinho: “Quanto a mim, não acreditaria no Evangelho se não me movesse a isso a autoridade da Igreja Católica”.
O protestantismo, protagonizado por Lutero, insiste em admitir apenas as Verdades contidas na Bíblia. A esquizofrenia protestante é contraditória e ilógica por dois motivos:
1º) se todas as Verdades de Fé estão na Bíblia, onde está a prova cabal que afirma que somente a Escritura deve ser considerada? Não existe um versículo que considere isso verossímil, muito pelo contrário, a Escritura deixa clara a existência da Sagrada Tradição.
2º) a diferença da Bíblia protestante para a Católica está no Antigo Testamento, que nós consideramos alguns livros a mais que eles, devido uma história longa, que não cabe aqui. Mas é curioso o fato de que a lista dos livros do Novo Testamento é idêntica à nossa. Mas de que modo se pode provar que esses 27 livros são mesmo inspirados por Deus e os demais existentes são apócrifos? É aqui que entra o Magistério. Foi a autoridade da Igreja ao longo de vários séculos e concílios que foram canonizando esses livros. E faziam-no sob a autoridade da Tradição herdada dos Apóstolos. Portanto, se os protestantes aceitam a autoridade da Igreja em união com a Tradição que definiu o Novo Testamento, qual o sentido de negar todo o resto, sobretudo o Antigo?
A Palavra de Deus é viva e eficaz
O biblista italiano, padre Giorgio Zevini, que participou do Sínodo dos bispos sobre a Palavra de Deus em 2008, afirma complementando o que Bento XVI disse: “O cristianismo é a religião da Palavra de Deus, e não do livro, não de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivente. No início do cristianismo não existia uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá vida e horizonte e, com isto, a direção decisiva”.
A Igreja Católica tem por missão anunciar a Palavra de Deus. Não existe um “grupo restrito de anunciadores”, mas aquilo que é tarefa dos bispos, padres e diáconos é também tarefa de cada cristão.
Assumamos o compromisso com essa Palavra. “A Palavra de Deus envolve todos os cristãos: todos somos servos e anunciadores da Palavra. Não somos só destinatários da revelação divina, mas também portadores aos outros da Palavra de Salvação, já que esta é para todos. Naturalmente isto exige que nos deixemos envolver pessoalmente pela Palavra de Deus, conhecendo-a e fazendo-a germinar dentro de nós sob a direção do Espirito Santo”. (BENTO XVI, Verbum Domini, 2010)
– Equipe Pocket Terço
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