CONHEÇA OS LIVROS OFICIAIS MAIS IMPORTANTES DA IGREJA CATÓLICA

Além da Bíblia Sagrada, de longe o livro mais importante da Igreja Católica, por ser a Palavra de Deus escrita por inspiração do Espírito Santo (Dei Verbum 9. 11), a Santa Igreja possui outros livros oficiais importantíssimos que apresentam a sua doutrina, disciplina e liturgia. Neste artigo, vamos falar dos três livros oficiais mais importantes da Igreja Católica, com foco no rito latino.

Catecismo da Igreja Católica

O Catecismo da Igreja Católica é resultado de seis anos de trabalho de uma comissão presidida pelo, na época, Cardeal Joseph Ratzinger (atual Papa Emérito Bento XVI), com contribuições de todo o Episcopado. Foi promulgado pelo Papa São João Paulo II em 1992, substituindo, assim, o Catecismo Romano de 1566, que havia sido promulgado pelo Papa São Pio V.

O Catecismo tem como objetivo apresentar a doutrina católica a partir da Sagrada Escritura, da Tradição Apostólica (especialmente nos Padres e na Liturgia) e do Magistério da Igreja (Papas e Concílios). Ele está dividido em quatro partes:

A primeira parte trata da Profissão da Fé. Depois de tratar da revelação divina na Escritura e na Tradição, e da fé que acolhe essa revelação, essa parte prossegue com uma exposição do Credo Apostólico, completada com referências ao Credo Niceno, apresentando vários assuntos: a Trindade e Deus Pai, a criação dos anjos e do homem, a queda, Jesus Cristo na encarnação, ministério, morte, ressurreição, ascensão e segunda vinda, o Espírito Santo, a Igreja e a comunhão dos santos, a Virgem Maria, a remissão dos pecados, a ressurreição e a vida eterna.

A segunda parte fala da Celebração do Mistério Cristão, que é a liturgia. Primeiro, a liturgia é apresentada de maneira geral e, na sequência, os sete sacramentos são explicados: os sacramentos da iniciação cristã (Batismo, Confirmação e Eucaristia), os sacramentos de cura (Reconciliação e Unção dos Enfermos) e os sacramentos do serviço da comunhão (Ordem e Matrimônio). Conclui-se com os sacramentais e as exéquias cristãs.

A terceira parte apresenta a Vida em Cristo. Na primeira seção, vários assuntos são trabalhados, como as bem-aventuranças, a liberdade, a moral, as paixões, a consciência, as virtudes cardeais e teologais, os dons e os frutos do Espírito, o pecado, a comunidade humana, a lei moral, a graça, a justificação e os preceitos da Igreja. A segunda seção apresenta uma exposição dos dez mandamentos: amar a Deus de todo coração (três primeiros mandamentos) e amar ao próximo como a si mesmo (os outros sete mandamentos).

Finalmente, a quarta parte é dedicada à Oração Cristã. Ela inicia com uma abordagem geral sobre a oração e termina com uma exposição da Oração do Senhor, o Pai Nosso, explicando o prefácio e as sete petições.

Código de Direito Canônico

O Código de Direito Canônico é o conjunto das leis eclesiásticas (cânones) da Igreja Católica de Rito Latino. Ele é fruto de um longo processo de promulgação e compilação de cânones, que começa com os cânones do Concílio de Jerusalém para admissão dos gentios na Igreja (At 15), passa pelos cânones de vários Concílios Ecumênicos e Locais, como o de Niceia em 325, e prossegue com várias compilações não oficiais de cânones, como a Coleção Dionisiana (séc VI), o Decreto de Burcardo de Worms (séc. XI) e o Decreto de Graciano (ca. 1140).

A primeira compilação oficial de cânones – a primeira versão do Código de Direito Canônico – foi iniciada pelo Papa São Pio X em 1904 e promulgada pelo Papa Bento XV em 1917. O Papa São João XXIII anunciou a reforma desse Código em 1962, que foi iniciada pelo Papa Paulo VI em 1964 e concluída com a promulgação do novo Código pelo Papa São João Paulo II em 1983. O Código de Direito Canônico atual é o de 1983, com algumas alterações realizadas pelos papas São João Paulo II, Bento XVI e, principalmente, Francisco.

O Código de Direito Canônico é composto por sete livros:

No primeiro livro, são apresentadas normas gerais.

O segundo livro apresenta as normas relacionadas ao povo de Deus. Aqui se trata dos fiéis leigos e clérigos, prelaturas pessoais e associações de fiéis; da constituição hierárquica da Igreja com o Papa, o Colégio dos Bispos, as Igrejas Particulares e seus agrupamentos; e dos institutos de vida consagrada e das sociedades de vida apostólica.

O terceiro livro trata do múnus de ensinar da Igreja, com normas sobre a pregação, a catequese, a ação missionária, a educação católica em escolas e universidades, os meios de comunicação social, como os livros, e a profissão de fé.

O quarto livro apresenta as normas ligadas ao múnus santificador da Igreja, tratando dos sete sacramentos, dos sacramentais, da liturgia das horas, das exéquias eclesiásticas, do culto dos santos, imagens e relíquias, do voto e juramento, dos lugares e dos templos sagrados.

O quinto livro trata das normas sobre os bens temporais da Igreja.

O sexto livro apresenta as sanções na Igreja, tratando sobre os delitos e penas.

Por fim, o sétimo livro trata dos processos eclesiásticos.

Missal Romano

O Missal Romano é o livro litúrgico da Igreja Católica de Rito Latino. Ele contém os textos a serem usados na celebração da missa, assim como as instruções sobre como proceder durante sua celebração (rubricas).

Antes do Concílio de Trento, não havia um livro litúrgico comum para toda a Igreja Latina, ainda que o rito da missa na Europa seguisse basicamente o rito da Igreja de Roma. Foi depois do Concílio de Trento, em 1570, que o Papa São Pio V promulgou a primeira edição oficial do Missal Romano. Esse Missal passou por diversas revisões com os Papas Clemente VIII, em 1604, Urbano VIII, em 1634, Leão XIII, em 1884, São Pio X e Bento XV, em 1920, e Pio XII e São João XXIII, em 1962.

Após o Concílio Vaticano II, em 1969, o Papa Paulo VI promulgou uma nova edição do Missal Romano. Esse Missal Romano passou por duas revisões, com os Papas Paulo VI, em 1975, e São João Paulo II, em 2002, que é a versão atualmente em uso no Rito Ordinário da Igreja Latina.

O Missal Romano inicia com instruções gerais sobre a liturgia e com normas sobre o ano litúrgico e o calendário.

Na sequência, os textos utilizados na missa são apresentados em duas categorias: o Próprio da Missa contém as orações que mudam de acordo com o tempo litúrgico: Advento, Natal, Quaresma, Tríduo Pascal, Tempo Pascal e Tempo Comum; o Ordinário da Missa contém as orações fixas que são rezadas sempre, divididas de acordo com as partes da missa: ritos iniciais, liturgia da Palavra, liturgia eucarística, rito da comunhão e ritos finais.

O Missal prossegue com o Próprio dos Santos, que contém as orações usadas para as celebrações de santos específicos na ordem do calendário, e o Comum dos Santos, com orações comuns para a dedicação de uma Igreja, a Virgem Maria, os Mártires, os Pastores, os Doutores da Igreja, as Virgens e várias categorias de santos.

Por fim, o Missal apresenta os textos para as missas rituais, missas e orações para várias ocasiões, missas votivas e missas dos fiéis defuntos, além de um apêndice com cantos, ritos e orações.

André Aloísio

Teólogo


Comments

Uma resposta para “CONHEÇA OS LIVROS OFICIAIS MAIS IMPORTANTES DA IGREJA CATÓLICA”

  1. Avatar de Kiara Baptista Fernandez
    Kiara Baptista Fernandez

    Eu acho que os dois primeiros são imprescindíveis pra qualquer Católico verdadeiro. Eu há apenas 2 anos fiz o curso do Catecismo, e já estudei alguns artigos do Código de Direito Canônico, mas é um mundo novo que se abre e eu jamais imaginei tanta riqueza.
    O Missal eu conheço, mas nunca o li. Mas acredito que você é um católico antes do Catecismo e outro depois.
    Matéria maravilhosa.

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