O título revela uma dúvida muito comum entre os fiéis e que dá margem a equívocos. Sexta-feira Santa não é dia preceito, portanto, não é pecado deixar de assistir à cerimônia. Isso mesmo! Não se trata de uma Missa, mas de uma cerimônia litúrgica própria da Sexta-feira da Paixão. Porém, recomenda-se vivamente que os fiéis participem, pois trata-se de um momento litúrgico sublime, momento auge da História, quando recordamos e meditamos naquele dia mil vezes bendito em que Cristo, tomando sobre Si os nossos pecados, redimiu o gênero humano. “Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor.” (Fl. 2, 6-11).
No ritual próprio da cerimônia de Sexta-feira Santa, a liturgia divide-se em três momentos:
- Liturgia da Palavra;
- Veneração da Cruz;
- Sagrada Comunhão.
Na Sexta-feira Santa, os cristãos devem abster-se de carne e cumprir o jejum conforme prescreve a Santa Igreja. É um dia especialmente voltado à oração, ao silêncio e à penitência. Outra recomendação utilíssima é a leitura da Via Sacra, pois nos convida a refletir sobre a Paixão de Cristo, nos unindo às suas dores lancinantes. Há muitas outras devoções ligadas à Sexta-feira Santa, como a meditação das “sete palavras de Cristo na Cruz”, a “celebração das 15 horas”, entre outras.
São Pedro Crisólogo, bispo do século IV, ao falar sobre o jejum, assinala que existem três coisas essenciais para a manutenção da fé, pois dão firmeza para a devoção e perseverança à virtude. “São elas a oração, o jejum e a misericórdia. O que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia, jejum: três coisas que são uma só e se vivificam reciprocamente. O jejum é a alma da oração e a misericórdia dá vida ao jejum. Ninguém queira separar essas três coisas, pois são inseparáveis. Quem pratica somente uma delas ou não pratica todas simultaneamente, é como se nada fizesse. Por conseguinte, quem ora também jejue; e quem jejua, pratique a misericórdia. Quem deseja ser atendido nas suas orações, atenda às súplicas de quem lhe pede; pois aquele que não fecha seus ouvidos às súplicas alheias, abre os ouvidos de Deus às suas próprias súplicas.”
Marcos A. Fiorito
Teólogo e historiador
(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)
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