Muita gente, quando reza o terço, ignora a necessidade de se meditar o mistério anunciado à medida que desliza as contas do terço. Além da reza da Ave-Maria, também é preciso, mentalmente, contemplar a passagem do Evangelho correspondente. Por exemplo, se estamos no segundo mistério doloroso, é preciso meditar na flagelação sofrida por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Portanto é preciso desfiar as contas do terço, mas refletir ao mesmo tempo no mistério que está sendo contemplado. Por isso dizemos: “no primeiro mistério gozoso, contemplamos a anunciação do Arcanjo São Gabriel à Maria Santíssima!”. Significa que devemos não só rezar oralmente, mas também mentalmente, com o espírito voltado para aquele momento sublime.
Se o mistério contempla o nascimento de Cristo, nossas mentes devem dirigir-se para a gruta de Belém, imaginar estar presente naquele lugar mil vezes bendito, na companhia do Deus Menino, de Maria, São José, os animais e, claro, dos anjos que davam glória ao Senhor pelo nascimento do Messias, aguardado pela humanidade por 4 mil anos.
Nesse sentido, rezar o terço é sinônimo de contemplar a vida de Cristo, seu nascimento, vida pública, paixão, morte e ressurreição. Não é uma oração estéril, despida de conteúdo, de sentido e amor de Deus. O terço nos convida à imitação de Cristo, ao progresso espiritual, à prática da virtude, como nos exorta o Evangelho. Quando Maria encarregou a São Domingos da missão de divulgar o Santo Rosário, ela o fazia para aproximar mais os cristãos do maior de todos os modelos: Jesus Cristo.
A esse respeito, em 1974, o Papa Beato Paulo VI, na Exortação Apostólica Marialis Cultus, assinalou:
“Sem a contemplação, o mesmo Rosário é um corpo sem alma e a sua recitação corre o perigo de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas e de vir a achar-se em contradição com a advertência de Jesus: “Nas vossas orações, não useis de vãs repetições, como os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos” (Mt 6,7). Por sua natureza, a recitação do Rosário requer um ritmo tranquilo e uma certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor, vistos através do coração daquela que mais de perto esteve em contato com o mesmo Senhor, e que abram o acesso às suas insondáveis riquezas.”.
Marcos A. Fiorito
Teólogo e historiador
(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)
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