O PAPA É INFALÍVEL EM TUDO?

Muitos inimigos da Igreja não compreendem a fundo a questão da infalibilidade do Papa e acusam a Igreja de enganar as pessoas de boa fé. Quando a Igreja afirma que o Papa é infalível, não está afirmando que ele o é em tudo. Se ele disser que gosta mais de amarelo do que verde, não significa que todo católico, então, deve passar a adotar o amarelo como cor predileta, sob risco de pecar por infidelidade à voz da Igreja.

Na verdade, isso só se aplica quando o Papa trata de alguma matéria que envolve fé ou moral e quando ele fala como chefe da Igreja (ex cathedra), ocorrendo uma assistência especial do Espírito Santo. Fora isso, será uma opinião pessoal a respeito de algo, como dizer que, dos títulos de Nossa Senhora, ele gosta mais do título de Mãe de Misericórdia.

Já, quando o Papa irá proclamar um dogma, a exemplo do que ocorreu com o dogma da Imaculada Conceição em 1854, então ele faz uso do seu poder como Sumo Pontífice, invocando o Espírito Santo e definindo que Maria foi concebida sem pecado original.

O Catecismo da Igreja Católica, no Artigo 3 – “A Igreja, mãe e educadora”, traz uma fundamentação importante para a necessidade do “carisma da infalibilidade” para que ela possa guiar com segurança os fiéis rumo à salvação:

“2032 A Igreja, ‘coluna e sustentáculo da verdade’ 1 Tm 3,15) ‘recebeu dos Apóstolos o solene mandamento de Cristo de pregar a verdade da salvação’. ‘Compete à Igreja anunciar sempre e por toda parte os princípios morais, mesmo referentes à ordem social, e pronunciar-se a respeito de qualquer questão humana, enquanto o exigirem os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas.’

2033 O magistério dos pastores da Igreja em matéria moral se exerce ordinariamente na catequese e na pregação, com o auxílio das obras dos teólogos e dos autores espirituais. Assim se foi transmitindo, de geração em geração, sob a égide e a vigilância dos pastores, o ‘depósito’ da moral cristã, composto de um conjunto característico de regras, mandamentos e virtudes que procedem da fé em Cristo e são vivificados pela caridade. Esta catequese tem tradicionalmente tomado por base, ao lado do ‘Credo’ e do ‘Pai-nosso’, o Decálogo, que enuncia os princípios da vida moral, válidos para todos os homens.

2034 O romano pontífice e os Bispos ‘são os doutores autênticos dotados da autoridade de Cristo, que pregam ao povo a eles confiado a fé que deve ser crida e praticada’. O magistério ordinário e universal do Papa e dos Bispos em comunhão com ele ensina aos fiéis a verdade em que se deve crer; a caridade que se deve praticar, a felicidade que se deve esperar.

2035 O grau supremo da participação na autoridade de Cristo é assegurado pelo carisma da infalibilidade. Esta tem a mesma extensão que o depósito da revelação divina; estende-se ainda a todos os elementos de doutrina, incluindo a moral, sem os quais as verdades salutares da fé não podem ser preservadas, expostas ou observadas”

Graças à assistência do Espírito Santo, o dom da infalibilidade permite que o Magistério da Igreja mantenha uma consistência inabalável e indestrutível como a própria Santa Igreja, conforme a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Também eu te digo que tu és Pedro, ‘e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado? nos céus’ (Mateus 16, 18-19).

Marcos A. Fiorito

Teólogo e historiador

(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)

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