O Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 17, 10-13 afirma que: “Em seguida, os discípulos o interrogaram: Por que dizem os escribas que Elias deve voltar primeiro? Jesus respondeu-lhes: Elias, de fato, deve voltar e restabelecer todas as coisas. Mas eu vos digo que Elias já veio, mas não o conheceram; antes, fizeram com ele quanto quiseram. Do mesmo modo farão sofrer o Filho do Homem. Os discípulos compreenderam, então, que ele lhes falava de João Batista.”.
Você, cara(o) irmã(o), já deve ter ouvido a afirmação de que o trecho acima transcrito é uma das provas da existência da reencarnação. No entanto, de forma alguma Jesus está se referindo a ela. Bom ter presente que a doutrina reencarnacionista é categoricamente oposta ao cristianismo. Um dos pontos mais centrais está no fato de que, para os reencarnacionistas, a salvação se conquista por uma série sucessiva de renascimentos. Algo que os reencarnacionistas da Índia e de outros rincões do Extremo Oriente chamam de “ciclo infernal” ou “ciclo de nascimentos”, no sentido de que a pessoa passa por uma purgação de seus erros até conquistar uma evolução, um estado de perfeição que a levará, finalmente, à união com Deus. Então fecha-se o ciclo. Ou seja, a pessoa obtém a salvação por méritos próprios.
Portanto, a doutrina da reencarnação não contempla a redenção de Cristo. Para nós, cristãos, Jesus, com a sua paixão e morte, resgatou-nos do pecado e comprou a nossa salvação. Daí que nos salvamos pelos méritos do preciosíssimo sangue de Cristo, não por méritos próprios. É por isso que afirmamos ser Ele o nosso Divino Salvador([1]) ([2]).
Já, para um reencarnacionista, não há necessidade da Redenção, da graça divina, da frequência aos sacramentos, da intercessão de Nossa Senhora, etc.
João Batista foi considerado o último dos profetas. Com ele fechou-se o ciclo daqueles homens providenciais do Antigo Testamento que profetizavam a vinda do Messias. Com ele inaugurou-se uma nova era, pois as profecias messiânicas, finalmente, se cumpriram em sua totalidade. Elias foi um profeta espetacular, sua vida é marcada por grandes prodígios e milagres, a exemplo da ressurreição do filho da viúva de Sarepta.
As Sagradas Escrituras nos revelam que Elias foi arrebatado num carro de fogo (IIReis, 2, 11). Por conta dessa passagem bíblica, os judeus acreditavam que o profeta havia sido levado para um lugar desconhecido, porém voltaria à terra para concluir a sua jornada. Portanto, não se falava em reencarnação, mas em retorno de alguém que foi mantido vivo em um lugar ignorado.
A ordem dos carmelitas, que tem uma ligação toda especial com Elias profeta, nos fala do carisma “eliano”, que teria começado com Eliseu, discípulo de Elias, e se estendeu por muitos outros profetas. Por isso temos em Lucas 1, 17 a afirmação surpreendente do anjo a São Zacarias, quando disse que João Batista, seu filho, “irá adiante de Deus com o espírito e poder de Elias para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto.”.
Por tudo quanto foi exposto, vê-se que há grande diferença entre “ser” Elias e “ter” o espírito de Elias. Tanto que quando perguntaram a João Batista se ele era Elias, respondeu de forma simples e clara: “Não o sou” (João 1:21).
Então onde se encontra o Profeta Elias?
Ótima pergunta! Paira um fascinante mistério sobre o paradeiro de Santo Elias. Sabe-se que fora levado num carro de fogo, mas para onde? Estudiosos das Sagradas Escrituras e diversos teólogos opinam a respeito. Para muitos, Elias está entre as testemunhas descritas no livro do Apocalipse, aquelas que profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, depois serão mortas pela besta e três dias depois ressuscitarão. Há até quem defenda que Elias se encontra no Paraíso Terrestre, aguardando o fim dos tempos. Enfim, muita coisa para se pensar…
([1]) Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor (Fl, 2 6,11).
([2]) E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor e lhe prepararás o caminho, para dar ao seu povo conhecer a salvação, pelo perdão dos pecados (Lc 1, 77).
Marcos A. Fiorito
Teólogo e historiador
(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)
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