ALMA HUMANA PRINCÍPIO DE VIDA

O Brasil é um país hoje repleto de denominações religiosas, dos mais diversos tipos e origens, desde as protestantes (evangélicas) de origem europeia, norte-americanas e de outros rincões, até de origem oriental, como são o islamismo e o budismo. Com a vinda de muitos japoneses ao país, também vieram as suas tradições, filosofia de vida e religião. O xintoísmo e o budismo entendem a existência de um Deus bem distinto do nosso, não se trata de um Deus onipotente, onisciente e onipresente, como o Deus das religiões monoteístas, de modo geral.

Deus confunde-se com a natureza, e os seres humanos são partículas divinas. Não há, portanto, um Deus transcendente, mas imanente. Após a morte, os reencarnacionistas entendem que a alma atravessa um ciclo de reencarnações, até purificar-se totalmente. Muitos acreditam que se pode reencarnar também em animais, por isso são vegetarianos.

O budismo se distancia muito do cristianismo em sua essência. O conceito de alma deles é muito distinto do nosso, pois se por um lado é muito terreno, por outro é um fragmento de Deus. Porém de um Deus que não é propriamente sobrenatural, mas, como dito acima, ele se confunde com o universo.

Em fevereiro de 2018, a BBC publicou uma reportagem cujo título é para lá de intrigante: “Japoneses relatam aparições de espíritos em área devastada por tsunami” (www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160218_japao_fantasma_tsunami_et).

Segundo a notícia, “… Yuka Kudo, da Universidade Tohoku Gakuin, ganhou destaque na mídia japonesa recentemente ao apresentar os resultados de uma pesquisa que fez com taxistas e moradores relatando fenômenos do tipo. Ela conduziu, ao longo de dez meses – entre 2014 e 2015 -, mais de 200 entrevistas aleatórias na cidade de Ishinomaki, que foi devastada pelo tsunami. Quinze dessas pessoas disseram ter tido contato com fantasmas ou experimentado situações inexplicáveis.”

O texto relata casos de taxistas que conduziram pessoas para locais apontados por elas, mas que, no entanto, desapareceram diante deles. Tais fatos causaram espécie e temor em inúmeros japoneses.

A alma, segundo nos ensina a doutrina cristã, é um princípio de vida pelo qual pensamos, queremos e sentimos. Ela é racional porque é espiritual, e se difere da dos animais e vegetais porque, embora lhes dê a vida, é irracional e mortal.

Certa vez, um fiel judeu perguntou ao seu rabino como provar que a alma existe. O sábio velho lhe respondeu: “A ciência já detém tecnologia suficiente para clonar humanos. Suponhamos que seu filho mais velho fosse clonado, você não teria, com toda certeza, uma réplica do seu herdeiro, mas um outro filho, com personalidade totalmente distinta, embora fosse corporeamente igual ao seu primogênito.”

E a verdade está justamente nisso: os pais podem gerar uma criança fisicamente, mas o espírito quem cria é Deus, que os faz à Sua imagem e semelhança, portanto, dotados de inteligência, vontade e liberdade.

Nesse sentido, vale transcrever aqui o que diz a doutrina católica através do Catecismo da Igreja Católica, nos tópicos 33 e 34, do capítulo I: O homem é “capaz” de Deus:

“O homem: Com sua abertura à verdade e à beleza, com seu senso do bem moral, com sua liberdade e a voz de sua consciência, com sua aspiração ao infinito e à felicidade, o homem se interroga sobre a existência de Deus. Mediante tudo isso percebe sinais de sua alma espiritual. Como ‘semente de eternidade que leva dentro de si, irredutível à só matéria’ sua alma não pode ter origem senão em Deus.

O mundo e o homem atestam que não têm em si mesmo nem seu princípio primeiro nem seu fim último, mas que participam do Ser em si, que é sem origem e sem fim. Assim por estas diversas “vias”, o homem pode aceder ao conhecimento da existência de uma realidade que é a causa primeira e o fim último de tudo, ‘e que todos chamam Deus’.”

Marcos A. Fiorito

Teólogo e historiador

(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)

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