PANDEMIA E O FIM DO MUNDO

Como já mencionado em outro post nosso, época de grandes traumas e crises, como a pandemia, volta à baila aquela frase desgastada, mas sempre na ponta da língua dos mortais: “Será o fim do mundo?” Basta uma ameaça como o 11 de setembro de 2011 para parecer que estamos na eminência de uma Terceira Guerra Mundial. Nesses casos, é inevitável ouvir-se falar na proximidade do fim do mundo. Mas também é curiosa a ligação que a humanidade faz do declínio moral com o fim dos tempos. Além de uma natural intuição por parte do gênero humano, temos a crença cristã, fundamentada no Evangelho e no livro do Apocalipse, de que a decadência dos bons costumes e toda sorte de corrupção é sinônimo de uma aproximação do reino do Inimigo.

Juntemos a isso cataclismos, grandes desastres, atos terroristas de especial magnitude, como foi a citada queda das Torres Gêmeas no 11 de setembro, etc. Com isso tudo temos um panorama que traz consigo, aparentemente, alguns dos sinais necessários para a segunda vinda de Cristo.

Mesmo entre os primeiros cristãos, havia aqueles que interpretaram para breve o retorno de Jesus. A tal acontecimento intitulou-se de “parusia”. “A respeito, porém, daquele dia ou daquela hora, ninguém o sabe, nem os anjos do céu nem mesmo o Filho, mas somente o Pai.” (Mc 13,32).

Hoje, infelizmente, vemos que muitas religiões, através de seus ministros, apregoam levianamente e pelos quatro ventos a iminência do fim dos tempos e, respectivamente, a parusia final. E isso não é de agora. Há séculos algumas seitas estabeleceram inúmeras datas para o fim do mundo. Como vimos, pelas palavras do próprio Jesus, o dia e a hora foram ocultados ao homem. Então, como pode algum mortal, em nome da religião, ousar estabelecer datas precisas para tais acontecimentos?

Jim Jones não foi o único chefe de seita a se utilizar do fim do mundo como um instrumento vil de exploração e alienação. A pregação do fim do mundo tem sido moeda corrente por parte de líderes mal-intencionados, que se utilizam do medo para recrutar e manipular adeptos. Muitos deles, longe de objetivar a evangelização e a salvação, buscam, tão somente, angariar fundos para aumentar o seu patrimônio.

Sem contar a exploração sensacionalista. Tempos atrás, o site do canal History trouxe o assunto à baila através de um artigo, em cujo título o Papa Francisco é chamado de o “papa do fim do mundo”.

Segundo a matéria, Nostradamus teria se referido ao Sumo Pontífice como o “papa negro”. Diz que ele será o último papa antes de se realizar as previsões do Apocalipse. Fala de doenças mortais, pragas, catástrofes, cataclismos, etc. Francisco seria o último Papa antes do fim dos tempos.

Para concluir, cabe aqui uma pergunta: o que lucram os cristãos com todas essas especulações? Provavelmente nada. Pelo contrário, a exploração dos sagrados textos da Escritura e de revelações particulares, provoca desgaste, zombaria e matéria para muita gente desacreditar da religião e seus ministros.

Veja também: Jesus estará mesmo voltando? (Clique aqui!).

Marcos A. Fiorito

Teólogo e historiador

(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)

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