É comum haver gente que diga que acredita em Deus por uma questão de fé. Em seu íntimo, sente que Deus existe, e só isso lhe basta. Mas há pessoas mais resistentes, mais racionais. Nesse caso, oferecer a elas argumentos lógicos que possam contribuir para a sua crença, é para lá de benéfico no sentido de lhes fortalecer a fé.
Em nosso post intitulado “Crer ou não crer, eis a questão!”, afirmamos que segundo a doutrina cristã, “há 3 formas de se provar a existência de Deus: pela razão, pelo sentimento e pela consciência”. Recordamos também que, segundo o Concílio Vaticano I, “Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana, mediante os seres criados”.
O eminente jesuíta Pe. Leonel Franca (1893-1948), em seu livro “O Problema de Deus”, afirmou que “a razão é a faculdade dos porquês”. Ela tem uma necessidade interior de compreender; faz parte de sua finalidade. A verdade é que ela só descansa quando atinge a compreensão de determinado objetivo.
São Tomás de Aquino, provavelmente o maior teólogo da Idade Média, inspirado em Aristóteles, propôs-nos na Suma Teológica 5 vias que nos conduzem, através da lógica, à constatação da existência de Deus. Por tratar-se de uma matéria extensa, iremos apenas resumi-la aqui para dar ao leitor oportunidade de conhecê-la.
Na primeira via, Tomás argumenta que, através de nossos sentidos, constatamos que há inúmeras coisas no mundo que se movem; e tudo que se move, naturalmente, também é movido por algo. Essa cadeia de motores que movem e são movidos, necessariamente tem que terminar num Motor primeiro, que a tudo impulsiona e não é impulsionado.
Na segunda via, o Doutor Angélico nos recorda que no mundo físico tudo tem uma causa eficiente. Tudo tem, necessariamente, causa e efeito. Essa cadeia de causas e efeitos não pode, logicamente, ser infinita. Portanto é preciso que haja uma causa primeira eficiente, que seja a “Causa de todas as causas”, como exclamou o grande orador romano, Cícero.
Já a terceira via considera-nos seres contingentes, que poderiam existir ou não e que não têm em si a razão de sua existência. No sentido oposto, há a necessidade de um Ser necessário, que jamais poderia deixar de existir, pois a sustentação de tudo depende d’Ele.
A quarta via trata a respeito do grau de perfeição dos seres criados. Observando-os, iremos sempre notar que há uma hierarquia de perfeições. Há neles uma diferença cabal de limitações e qualidades. Quando os comparamos, notamos superioridade de uns em relação a outros, como há entre um pardal e uma águia. Isso sugere que existe um Ser perfeitíssimo, Causa de toda perfeição, e, consequentemente, do qual emanam todas as qualidades e nobreza da criação.
Na quinta via, São Tomás deduz que toda ordem exige uma inteligência ordenadora. Contemplando a forma como os corpos naturais operam, vemos que eles operam na maioria das vezes num mesmo sentido e para um determinado fim. E não operam assim por mera obra ou acaso, porém intencionalmente.
Naturalmente, não é possível um ser irracional atingir seu objetivo senão por intermédio de um Ser inteligente, que dirige todas as coisas naturais para o seu devido fim. Daí temos o que chamamos de Providência Divina.
Logo, assim como todo relógio funciona e se mantém funcionando graças a um relojoeiro, contemplando o universo e o nosso sistema solar, com seus astros e corpos celestes, é possível concluir que existe uma Inteligência ordenadora suprema, à qual denominamos Deus.
Marcos A. Fiorito
Teólogo e historiador
(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)
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