O CARÁTER SAGRADO DO SIGILO DE CONFISSÃO

Como diz o provérbio popular: “Errar é humano, perdoar é divino.” Em uma das mais belas passagens bíblicas (Mc 2, 1-12), Nosso Senhor ousou, divinamente, dizer a um paralítico que seus pecados estavam perdoados. Tal afirmação causou rebuliço entre os fariseus, que julgaram a atitude de Jesus uma blasfêmia, afinal “Quem pode perdoar senão Deus?!”. Justamente, a despeito daqueles invejosos doutores da lei, naquele momento Cristo atestou a todos a sua natureza Divina.

Mas o poder de absolver os pecados não poderia se encerrar com a ascensão de Jesus aos Céus. Para dar continuidade à sua obra, fez de Pedro a rocha firme na qual alicerçou sua Santa Igreja. Deu ao primeiro Papa e aos demais membros do colégio apostólico o poder das chaves, depois soprou-lhes o Espírito Santo, transmitindo-lhes o poder sagrado de perdoar os pecados: “Recebam o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.” (Jo 20, 23).

Os Apóstolos transmitiram tal poder aos bispos, seus sucessores; e com o crescimento do número de cristãos, o poder foi legitimamente delegado aos presbíteros (padres), para que pudessem auxiliar a Igreja no seu ministério evangelizador.

Uma das mais sublimes características do sacramento da penitência é o segredo de confissão. Nos mais de dois mil anos de história da Igreja, fatos comoventes marcaram a seriedade com que os sacerdotes católicos assumiram tal sigilo. Não raramente o segredo de confissão foi causa de perseguição e martírio, como é o caso do padre espanhol Felipe Ciscar Puig, martirizado por comunistas na guerra civil de 1936, na Espanha. Quando se encontrava preso na cidade de Dénia, Pe. Felipe atendeu outro preso em confissão, o frei franciscano Andrés Ivars. Os comunistas queriam de todas as formas arrancar-lhe o conteúdo da confissão, porém as tentativas foram inúteis, o presbítero permaneceu firme em seu silêncio. Encolerizados, os impiedosos guerrilheiros o fuzilaram juntamente com frei Andrés.

No século XIX, por guardarem o segredo de confissão, inúmeros foram os casos de padres perseguidos, presos ou mortos por ativistas anticlericais. Inclusive, diante da firmeza dos sacerdotes, alguns dobraram os joelhos, se converteram e, arrependidos, confessaram seus pecados.

É preciso ressaltar que o sacerdote, como ministro de Deus, não perdoa ninguém por um poder pessoal, mas sim pela vontade de Cristo. Quando ele diz: “Eu te absolvo em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”, ele está emprestando a voz a Nosso Senhor. Portanto, quem perdoa é Deus, e não uma mera criatura humana.

Se não fosse a garantia do sigilo sacramental, se houvesse por parte da Igreja autorização para que os padres – ainda que em algumas circunstâncias – revelassem algum segredo de confissão, o resultado seria o enfraquecimento do poder sacramental, sentimento de dúvida e insegurança por parte dos fiéis, além do desestímulo de procurar a absolvição sacramental.

SUGESTÃO: Leia mais sobre o que a Igreja ensina a respeito da penitência no Catecismo da Igreja Católica: “Artigo 4 – O sacramento da penitência e da reconciliação”. Não tenha a preocupação de ler tudo de uma só vez. Vá lendo com calma para absorver melhor o conteúdo, como se fosse um estudo. Boa leitura!

Marcos A. Fiorito

Teólogo e historiador

(Autoriza-se reprodução do artigo com citação da fonte e autor.)

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